“Casa Fora do Eixo” é um oásis cultural no Cambuci

“Era uma casa muito engraçada. Não tinha teto, não tinha nada”. O poema “A Casa”, de Vinicius de Moraes, é uma excelente pista para quem quer entender o conceito da Casa Fora do Eixo, no Cambuci, centro de SP.

Administrada por 20 artistas e gestores culturais de várias regiões do país, o imponente imóvel abriga incontáveis manifestações artísticas e serve de incubadora para outro sem números de projeto. De segunda a segunda, a casa é o quartel-general, ateliê e escritório da trupe, que também não tem um número fixo de integrantes. O tempo de  permanência na casa depende do prazo de duração do projeto cultural em desenvolvimento.

Aos domingos, geralmente a partir das 15h, a Casa Fora do Eixo muda radicalmente a paisagem pacata da rua. Após um breve cadastro na chegada (ou a confirmação do e-mail enviado com antecedência), qualquer pessoa pode entrar no lugar e aproveitar a programação  do dia. As atrações e os eventos são divulgados pela internet e, geralmente, estão relacionados a um tema, mas isso não é uma regra. Música, teatro, brechó e cinema são comuns no cardápio da casa, que também oferece cerveja, água e refrigerante aos visitantes. Quando o tema escolhido foi o mundo circense, tinha pipoca e algodão-doce à vontade.

Contribuição
A Casa Fora do Eixo tem uma política democrática e liberal para receber os visitantes. Por isso mesmo, virou ponto de encontro de várias tribos. Para dar conta das despesas com o aluguel, eletricidade, água, cerveja e o cachê dos artistas convidados, passa uma caixinha. Cada um dá o que quer.

Público decide quanto vale o show musical





Logo após os shows musicais,  Bianca Lima, 23 anos, passa a caixinha, batizada de “Quanto Vale o Show?”, para o público do pub.  “É uma doação espontânea e a grana vai para os artistas que tocaram”, garante.
Visitantes trazem as canecas de casa.

O local pede que cada visitante traga a sua caneca para tomar cerveja e refrigerante. Quem não tem seu copo, ganha um descartável. Mas é dado apenas um por pessoa.
200 é a média de público aos domingos

Rede existe há seis anos em 150 pontos
A rede Fora do Eixo conecta artistas em 150 coletivos no país e existe há seis anos. São 76 casas  espalhadas pelo país, onde é possível morar um tempo para desenvolver projetos. São Paulo tem unidades em Campinas, Bauru e em outras cidades. A rede também promove eventos internacionais. Neste ano aconteceu um festival de música na Argentina.

Geleia Geral
A programação do espaço artístico está no site www.casa.foradoeixo.org.br. Lá,  também são expostas fotos do Rafael Pira Vilela  de todos eventos

A ideia
De acordo com Felipe Altenfelder, 27 anos, gestor de música da casa, a proposta da rede é criar canais de distribuição e infraestrutura para divulgar a música independente, usando e dividindo novas tecnologias. “A ideia é fornecer oportunidades para as bandas sobreviverem de música. O grupo deve pensar como se tivesse um empreendimento, usando as ferramentas desenvolvidas pelo Fora do Eixo. O objetivo é a sustentabilidade do projeto. É poder viver de música”, disse.

Fonte: Diário de S. Paulo





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